sábado, 30 de julho de 2011

Pior que parou...

Um menino que brinca com uma ampulheta pode utilizá-la das mais diversas maneiras, mas não conseguirá entupir o seu gargalo para impedir que o tempo transcorra com naturalidade. A areia é fina, ela passa macia pelas paredes de vidro sem que nada embolore. É assim, a areia caí, a gota desce, o ponteiro marca. O tempo passa e nós não temos sua posse. Perguntem ao senhor de cabelos brancos. Reflita se o tempo também não passou pra você. Quantos grãos de areia não caíram? Quanto tempo não passou?

Já dizia o antigo Nelson Ned “tudo passará”. Para ele tudo passou, tudo mesmo. Nos anos 60 seria um crime chamá-lo de antigo. Será também antigo o Neymar, o iPad, o twitter. E o Orkut? Lá pelos idos de 2005 era a sensação... 2005? Dois anos são uma década para a era tecnológica. Pergunte ao Fotolog, ao Disquete... Nem mesmo a linguagem pode estacionar no tempo. Nossos textos estão mais rápidos, codificados e cheios de inovações.

O Clássico que era o imortal é compreendido como brega. Mas o que é brega a cada dois anos? O que é o clássico? A Vitória da Samotrácia é uma velharia defeituosa ou um dos maiores legados da arte helênica?

O que acontece, o que muda, o que transforma? Não quero ser aqui um novo Heráclito. Todavia reconheço suas ideias e reafirmo que vivemos em constantes mudanças. Por isso precisamos compreendê-las. Mudar por mudar nunca! A mudança vem acompanhada do conhecimento. 


Tancredo Fernandes 
Uiraúna, 30 de julho de 2011

Um comentário:

  1. É isso, Tancredo.
    Um amigo meu dizia:"O tempo nos faz e nos desmancha" (E o pior são as manchas, que nenhum solvente tira...).

    Abraços, Chico Viana.

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